O livro A Revolta de Atlas contém mais de 1200 páginas e portanto não é uma leitura fácil. Felizmente ele volta e meia está em promoção em alguns sites. É importanto dizer que Ayn Rand a escritora nasceu na Rússia e filha de pequenos comerciantes emigrou para os EUA ainda jovem. No entanto percebe-se facilmente nesse livro uma percepção bastante crítica da “revolução russa” por parte da autora. Além disso o livro é muito conhecido nos EUA. No próprio prefácio da obra diz que é obra de cabeceira de muitos empresários e empreendedores e seria a segunda obra mais influente daquele país ficando somente atrás da Bíblia.
Realmente a influência de Ayn Rand encontra-se espalhada pela cultura pop. Como alguns exemplos podemos encontrar referências a autora até no jogo BioShock. Também foi noticiado que Ayn Rand é a leitura de cabeceira de Travis Kalanick, CEO do Uber. A escritora e filósofa também é citada explicitamente no álbum 2112 da banca de rock canadense Rush.
A história
O livro se passa em um futuro próximo onde quase todo o mundo é governado por tiranos populistas (qualquer semelhança com a Venezuela não é mera coinciência) mas trama em si se passa quase que totalmente nos EUA, a única nação onde ainda existe algum resquício de democracia e capitalismo no mundo do livro. A partir daí a premissa básica do livro começa a ser desenvolvida: E se as maiores mentes e líderes (empreendedores, cientistas, artistas e demais profissionais de destaque) do mundo começassem a desaparecer um por um? No livro isso leva a uma situação cada vez mais caótica, já que as pessoas que restam são somente burocratas que mal sabem botar a “mão na massa”.
Aspectos negativos
Infelizmente em alguns momentos a história parece que não avança muito ou o faz lentamente, então me parece que seria possível resumir o livro sem perder muito para 1/3 do volume do mesmo. Outra coisa que me incomodou foram os vilões, ou antagonistas: todo mundo parece incrivelmente burro e incapaz de ver onde vão dar as consequências dos seus atos. Fico na dúvida se essa retratação dos burocratas e inimigos foi proposital ou involuntária. Por último entre os lados negativos eu citaria que o livro tem uma ou outra cena mais picante, mas eu não entendi muito bem o que a autora queria com essas cenas, já que para mim elas não acrescentam muito na trama.
Aspectos positivos
É uma obra profundamente inspiradora, especialmente para quem se interessa por empreendedorismo e inovação. O livro tem quatro pontos altos, que são quatro discursos dados por quatro personagens diferentes. Portanto, nesses discursos é possível vislumbrar e admirar o sistema filosófico da autora que é muito interessante e consistente.
A premissa é absurdamente incrível e até me espanto que não tenha sido copiada em outras obras: o que acontece quando as pessoas que movem o mundo entram em greve?
Veredito
Até mesmo por se tratar de um livro longo e denso levei muito tempo lendo “A Revolta de Atlas”. Ao menos pra mim a leitura dessa obra foi uma experiência transformadora. Não li outras obras da autora mas esse livro me fez repensar muitas coisas da minha vida. Da mesma maneira muitas pessoas que eu conheço se sentem de maneira semelhante à essa obra. É verdade que também a obra tem muitos detratores, mas poucos ficam indiferentes a mesma.
Nenhuma outra obra que eu conheço retrata tão bem o aspecto heróico e mítico do empreendedor. Penso que essa obra pode e deve ser lida especialmente por quem empreende até mesmo para entender melhor o seu papel no mundo e redobrar a força para enfrentar seus desafios diários.
Portanto, recomendo a leitura, especialmente aos empreendedores, no sentido mais amplo da palavra. A todos os Atlas que carregam o mundo nas costas e muitas vezes nem se questionam sobre isso. É hora de se rebelar também?